Memória

Luiz Eduardo da Rocha Merlino na memória de companheiros, companheiras, familiares e colegas, que resgatam um pouco da sua vida, e de sua história, em nove matérias publicadas originalmente na revista impressa Merlino Presente! Cadernos de Combate pela Memória, de junho de 2013. Lutar por direito a memória é uma ato de resistência

Relembrando uma temporada Internacionalista

Angela Mendes de Almeida


Por ocasião da publicação no Brasil no livro Pau-de-arara – La violence militaire au Brésil, editado por François Maspero, em 1971, pela Fundação Perseu Abramo ( Pau de arara – A violência militar no Brasil, 2013) Angela Mendes de Almeida relembra os motivos que levaram ela e Merlino a fazerem um estágio de formação na França junto à Liga Comunista, organização então filiada à Quarta Internacional. Esse interregno na militância deles no Brasil foi, como se sabe, brutalmente interrompido apenas três dias depois da volta de Merlino ao Brasil, com sua prisão, em 15 de julho de 1971, pelo DOI-CODI de São Paulo, sua tortura e morte em poucos dias. Neste artigo a autora relembra fatos e personagens desse estágio na França.

A avó, o torturador e a Justiça

Neste texto Tatiana Merlino, sobrinha de Merlino, escreve sobre a trajetória dolorosa de sua avó: D. Iracema Merlino, mãe de Luiz Eduardo Merlino. Entremeada de lembranças familiares Tatiana relembra seu primeiro contato com a história de seu tio, as lutas dos familiares de desaparecidos políticos, os testemunhos dos que estiveram presos com Merlino e os processos judiciais. Ao lado do texto de Tatiana, agrega-se um breve artigo de Leonardo Sakamoto sobre o caso do Coronel Brilhante Ustra.

Nicolau: um diário de motocicleta

Neste texto Maria Regina Pilla lembra momentos que viveu com o amigo Luiz Eduardo Merlino, aventuras, entre o futebol e os enfrentamentos nas ruas de Paris, que ajudam a compor o retrato de quem era Merlino.

As últimas horas de Luiz Eduardo Merlino

Leitura do depoimento de Guido Rocha, realizada no Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo, em 31/07/1979


Trata-se aqui de um documento de extrema importância, o doloroso testemunho de Guido Rocha que descreve as últimas horas de Merlino depois de ter sido submetido à bárbara tortura, e de como ainda se mantinha firme. Guido Rocha esteve presente nos últimos momentos de dor, narra os diálogos que tiveram, seu trágico sofrimento durante o período que estiveram na mesma cela no DOI-CODI, algumas horas antes de seu assassinato, pela brutal tortura sofrida e pela falta de socorro médico.

Lembranças de Nicolau

Michael Löwy


Aqui Michael Löwy escreve relembrando seus contatos com Merlino na França, a aproximação com a IV Internacional e o desejo irredutível de voltar para o Brasil e continuar a luta contra a ditadura militar.

Anos que não terminaram

Tonico Ferreira


“Na rua Maria Antonia, em São Paulo, trocamos de líderes, substituímos inspirações e viramos jornalistas por força da política (fizemos um jornal estudantil em 1967, o Amanhã, e trabalhamos juntos na Folha da Tarde, em 1968). Nesse ano, Merlino já havia se filiado a uma dissidência da Polop, o POC (Partido Operário Comunista) que, apesar do “operário” no nome, era formado basicamente por intelectuais e estudantes.” Neste texto Tonico Ferreira relembra de Merlino, seu amigo de infância, desde o quarto ano primário, em Santos.

Merlino está aqui!

Esta breve crônica do escritor Joel Rufino dos Santos narra as lembranças de Merlino, refletindo sobre o amigo perdido, a morte, a eternidade e as lutas a se travar no reino deste mundo. Com uma linda escrita desata sua homenagem ao amigo assassinado.

Meu amigo Merlino

Joel Rufino dos Santos


Neste artigo publicado na Caros Amigos de 2007, Joel Rufino dos Santos traz lembranças de seu amigo Merlino, assim como rememora aventuras, entre detalhes de ternura do cotidiano. Ao mesmo tempo, lembra Joel como, quando sob tortura, no DOI CODI, descobriu detalhes de como o assassinaram.

Navalha afiada em fino veludo

Rodrigo Manzano e Ana Ignácio


Neste texto colegas de jornalismo lembram o Luiz Eduardo Merlino como profissional. Luiz Roberto Clauset recorda que na redação da Folha da Tarde “o clima de trabalho era iluminado” e que havia total independência para as equipes. “De uma hora para outra, o jornal foi parar nas mãos da extrema direita, lembra-se, e uma das primeiras coisas que fizeram em junho de 1969 foi demitir, não sei com que critério. O Merlino e eu formos chamados na sala do novo diretor, Antonio Ágio, e nos informaram que estávamos sendo demitidos”. Na mesa onde se passou a conversa, um revólver. A arma simbolizava bem o que eles queriam”.