Fui uma das testemunhas do martírio desse heroico companheiro
“(…) Quando a repressão começou a prender pessoas próximas, muitos como eu não encontraram alternativa senão mudar de cidade e de nome para salvar a pele. Vim para São Paulo, onde encontrei uma solidariedade impressionante, durante um ano fiquei em casas de quinze diferentes simpatizantes, pessoas totalmente desconhecidas, que arriscavam sua segurança oferecendo suporte à esquerda. Romper com a família, os amigos, o trabalho, era dedicação integral à militância, isso intensificou meu idealismo. Quem me aconselhava a buscar vivências mais sociais, ir a uma festa, viver também um pouco de leveza era o companheiro de organização Luiz Eduardo Merlino, ser humano de excepcional sensibilidade com quem tive a honra de manter contato na militância. Presa em 71, pela OBAN, mais precisamente pelo Ustra, naquele negro dia em que Merlino também caiu, fui uma das testemunhas do martírio desse heroico companheiro, que não diria sequer seu nome a nossos algozes. (…)”
Leane de Almeida, 27/10/2010
Fonte: http://mariajosesilveira.wordpress.com/